Você já ouviu falar em empresas caórdicas?
As transformações sociais, econômicas e tecnológicas em curso neste século XXI impactam a gestão das empresas e das carreiras. Até bem pouco tempo, o modelo organizacional vigente era caracterizado por estruturas sólidas e pouco flexíveis, dando origem às empresas que muitos chamam de “dinossáuricas” - se movem devagar, mudam com lentidão e, tal como esses animais, correm o risco de extinção ao serem engolidas pela concorrência ou, pura e simplesmente, encerrarem suas atividades sem nenhum cliente sentir falta.
“Vivemos, atualmente, em ambientes mais complexos e dinâmicos. A instabilidade é um elemento inerente aos processos. Então, o conceito de empresa caórdica emergiu para ajudar a orientar os gestores e indivíduos a lidarem com a combinação entre as características de ordem e caos que existem ao mesmo tempo numa determinada situação e gerando uma certa harmonia”, explica o Prof. Randes Enes, coach, consultor de empresas e professor da FGV nas áreas de gestão de pessoas, estratégia, marketing e vendas. Caórdico foi o termo que Dee Hock criou, em 1999, para pensar e propor estas novas diretrizes organizacionais.
Gestão do conhecimento, inovação, agilidade na tomada de decisões, diminuição da burocracia e das estruturas hierárquicas, mais comunicação horizontalizada, ferramentas para promover aprendizagem com os erros e acertos e nova postura das lideranças são algumas das competências a serem implementadas nestas organizações. “Uma empresa caórdica define seus princípios e valores, proporciona a autonomia responsável a seus empregados, por exemplo, permitindo-os explorar e experimentar. Os líderes necessitam estimular sua equipe a desenvolver seu potencial, adotando o estilo de um coach. Criatividade, autonomia, automotivação e menos controle são fundamentais”, esclarece Enes.
Apreender o que é uma organização caórdica é uma tarefa e tanto para os empreendedores, seja qual for o ramo e tamanho da empresa, como também para os colaboradores – seja aquele da carteira assinada ou para os que operam como autônomos. “O risco de desaparecimento também vale para as pessoas que não investem em sua formação, não se reciclam e acomodam-se na rotina de trabalho”, finaliza.
A tabela abaixo mostra as diferenças entre estes dois modelos de gestão das empresas:
ANTIGO ESQUEMA ORGANIZACIONAL |
NOVO ESQUEMA ORGANIZACIONAL |
Máquinas |
Redes |
Verticalidade |
Horizontalidade |
Estabilidade |
Incerteza e Caos |
Controle burocrático |
Autocontrole ético |
Departamentos |
Processos |
Reter a informação |
Compartilhar a informação |
Recursos humanos |
Comunidade de pessoas |
Indivíduos |
Equipes |
Obediência |
Compromisso |
Centralismo |
Descentralização |
Unilateralidade |
Alianças |
Concentração |
Delegação |
Apego a norma |
Valorização das Iniciativas |
Planos |
Opções |
Gerente |
Coordenador de Projetos |
Sócio-diretor |
Facilitador |
Unidade de comando |
Liderança compartilhada |
Administração por objetivos |
Objetivos compartilhados |
Poder de posição |
Autoridade merecida |
Decisão lenta - vertical |
Decisão rápida - horizontal |
Fonte: Adaptado pelo Prof. Randes Enes de Andrade R. e Pereira L. M.